Uma situação bastante comum que encontro no meu trabalho diz respeito ao fato de que muitas mães e pais são receosos quanto ao filho usar medicação. Quando eu ainda era um estudante e passava parte do meu dia em um ambulatório de neuropsiquiatria e pediatria, aprendi que medicação não era o pontapé inicial no tratamento, exceto se a criança realmente necessitasse de um psicofármaco. Ali comecei a notar que com frequência alguns pais e mães ficavam com o “pé atrás” na hora de dar remédio para a criança. Muitos anos se passaram e essas mães e pais receosos surgem diariamente. E eu os compreendo muito bem, pois eu também não gostaria de ver meus filhos sofrerem algum efeito ou prejuízo decorrente do uso de medicamentos psicofarmacológicos. Sou extremamente cauteloso quanto a isso.No entanto, há dois pontos importantes que quero enfatizar:
Primeiro, há muitas crianças que realmente precisam da medicação, assim como nós adultos também utilizamos. Por exemplo, tomamos diariamente remédio para gastrite, esofagite, dores de cabeça, entre outras condições. Tomamos tais remédios porque sem eles podemos sofrer com os sintomas de alguma doença. Da mesma forma, quando falamos em funcionamento mental, cognitivo, comportamento ou emoção, temos situações em que a medicação é fundamental para o controle dos sintomas e consequentemente, para melhoria da qualidade de vida da pessoa.O segundo ponto é que determinadas medicações para TDAH causam efeitos colaterais mínimos (falarei disso em outro texto) e permitem que a criança consiga lidar melhor com suas dificuldades.
Portanto, é preciso que você procure um profissional de confiança, especialista, e então se eles receitarem o uso de algum remédio, certamente será porque é necessário e fará bem ao seu filho. Além disso, os pais e o próprio médico sempre deverão ficar alerta acompanhando quais são os efeitos do medicamento, e quando precisar, o médico certamente irá adequar a medicação ou até retirar se for o caso. Vale lembrar que, a saúde do seu filho é o fator principal nessa balança entre aceitar ou não a medicação.
Wendell Noronha
Neuropsicólogo
Especialista em Avaliação e Reabilitação Neuropsicológica